domingo, 16 de março de 2008

Vida de Estudante

Depois de esta semana ter "voltado" à vida académica pura e dura, leia-se praxe e festivais de tunas, venho através deste espaço trazer-vos um artigo de opinião da Isabel Silva, uma estudante universitária residente em Covelas que escreveu para O Notícias da Trofa.
Segue-se o texto...

"Vê-se primeiro um mar de pedra... depois aparecem os morcegos vestidos de negro que teimam em nos atormentar... surge o ritmo alvanorte de uma nova etapa na vida e aos poucos, encontramo-nos rodeados de amigos, que quando tudo chega ao fim, se tornam nas mais difíceis despedidas!

Todos os anos são muitos os jovens, que depois de anos de muito esforço e luta por um lugar na tão prestigiosa universidade, colocam mochila às costas e partem rumo a novas cidades. Partem em busca de um sonho, na ambição de um futuro compromissor... para trás ficam a família, os amigos e demais conhecidos e vizinhos que os viram nascer e crescer. A partida nem sempre é fácil, principalmente quando se tem que abdicar de um mundo até aí conquistado, a coragem e rebeldia de ir em busca de um mundo novo e desconhecido, muitas vezes dá lugar ao medo e à angústia daquilo que os espera. Na força da juventude, com coragem para enfrentar o Além assim chegam a terras desconhecidas, sozinhos num universo que tem tanto de aliciante como de duvidoso. Passam grandes portões e verificam uma realidade até então desconhecida, percebem no entanto, que irá ser aí onde vão passar os melhores anos da sua vida. Conhecem mais jovens na mesma situação, em conjunto se tornam aliados, em conjunto são tratados por "bichos", por aqueles que os obrigam a cumprir as regras e fazem deles motivo de diversão, são os chamados "doutores". Rogam-lhes muitas pragas, por aquilo que lhes fazem... "a famosa praxe"...e no fim, acabam por os adorar e ter saudades de todos os momentos passados. Percebem o quanto eles foram importantes... aprenderam a viver em solidariedade, deixaram para trás "esquisitices" e perceberam o quanto é importante a união... no desfecho compreendem o quanto cresceram.

De caloiros chegados ao mundo universitário, facilmente se integraram, amigos fizeram, noitadas viveram, alegrias partilharam, angústias repartiram...e assim viveram, entre exames, álcool, trabalhos, dores de cabeça e alegria. Sem mal notarem acaba um ano e começa outro... de repente são eles os "maus da fita" e sentem na pele a responsabilidade de orientar os agora recém-chegados. Afeiçoam-se mais que o desejado e quando termina a sua tarefa, choram como se seus filhos fossem e os estivessem a ver crescer. Como corre depressa o tempo...e sem querer estão a dar fitas para a família, amigos e demais colegas assinarem... fitas que significam o fim... o fim desta que não foi sempre mas que ficará para sempre na sua vida... a vida universitária....a vida académica.... Ficam amigos para o resto da vida, lágrimas perdidas, noites mal dormidas, sorrisos espalhados, amores conquistados, bebedeiras apanhadas, serenatas ouvidas, capas pretas atiradas ao ar, desejos para a eternidade, promessas até à morte...e toda uma VIDA DE ESTUDANTE!"

Isabel Silva in O Noticias da Trofa

Digamos que, perante a mentalidade negativa que se gerou em volta das praxes académicas, é de salutar que se divulguem também as experiências positivas. Pessoalmente penso que as praxes são de facto um elemento de integração importantíssimo para quem "cai de pára-quedas" no ensino superior. O que se pede é que se saiba praxar...

3 comentários:

Unknown disse...

Sem dúvida. Mais do que um factor de integração vejo a praxe, a tradição académica, como um factor de maturidade, algo que nos permite crescer, desenrascar, dar a volta às situações.

O problema e o motivo que gera a polémica em torno do assunto, são os cromos e as cromas que usam a tradição académica para descarregarem as suas frustrações pessoais e para humilharem os caloiros apenas para gozo pessoal.

McCap disse...

Acabei neste texto via Avenida Central.

Contribuo também com um texto publicado no Público num ano em que 'fomos' alvo de uma campanha terrível pela comunicação social. sim, embora já formado há muito, não posso deixar de me considerar um ferveroso adepto de praxe académica.
Que pudessem viver todos o que eu vivi nos meus anos de estudante.
http://www.geocities.com/portoacademico/Outros/Contributo.html

Anónimo disse...

Muito bem. Muita gente fala mal da praxe e nunca a viveu realmente.