Hoje é dia 1 de Abril, dia das mentiras. Como tal, decidi escrever acerca de uma das "mentiras" que mais impacto tiveram nas pessoas que a ouviram e presenciaram! Falo da "Guerra dos Mundos" de Orson Welles. Não é uma partida dos dia das mentiras, mas sim do dia de Halloween a qual passo a descrever.
Às oito horas da noite do dia das bruxas, em 30 de Outubro de 1938, Orson Welles começou a transmitir uma dramatização de "A Guerra dos Mundos" de H.G. Wells na estação de rádio CBS. Durante uma hora pequenos trechos de música eram interrompidos por flashes realísticos dos locutores de rádio, cada vez mais desesperados à medida que se descobriam e se relatava que explosões em Marte e meteoritos caídos na Terra eram, na verdade, uma invasão alienígena em pleno curso capaz de vaporizar nossas melhores defesas com 'raios de calor'. Sete mil homens marcharam contra uma única máquina de guerra marciana e pouco mais de uma centena de sobreviventes sobraram na trágica batalha em Grovers Mill, New Jersey. O nosso mundo estava a ser aniquilado, e essa era a partida de Halloween de Welles.
Milhares de pessoas que sintonizaram o programa um pouco depois e perderam o aviso inicial de que uma dramatização estava prestes a começar teriam que esperar quarenta minutos até que uma breve nota da CBS repetisse que o programa de rádio era... um programa de rádio. Nesse meio tempo podia-se ouvir directamente da frente de batalha, o ofegar nervoso dos locutores, os gritos da população, declarações de oficiais do governo americano que admitiam uma invasão alienígena ao mesmo tempo que pediam calma e até os sons aterrorizantes de destruição marciana.
O pânico dramatizado compreensivelmente tornou-se real, contrariando o inútil e fictício pedido do governo americano. As pessoas que ouviram trechos do programa começaram a fugir desesperadas para lugar nenhum, entupindo as vias de comunicação ou então tentavam esconder-se em celeiros. As mais corajosas carregaram as suas armas e saíam à procura dos monstros marcianos, mesmo que acabassem a disparar em caixas de água, razoavelmente parecidas com as máquinas de guerra alienígenas. Houve relatos de pessoas que afirmavam poder ver as nuvens de fumo dos campos de batalha, mesmo que os campos de batalha estivessem numa pacata noite de Halloween. Algumas pessoas até enrolaram toalhas molhadas à volta da cabeça na esperança de se proteger do gás venenoso marciano, ignorando os avisos de que nem máscaras de gás funcionavam. Talvez porque tenham dito que o gás era um fumo negro, alguns tenham imaginado que poderiam agir como num incêndio.
Às nove horas o programa terminava e Welles confortava o público assegurando que o mundo não tinha acabado e que tudo tinha sido uma brincadeira de Halloween. "... Nós não podíamos ensaboar as vossas janelas ou roubar os vossos portões do jardim até ao amanhecer ... então fizemos o melhor que podíamos. Aniquilamos o mundo mesmo em frente aos vossos ouvidos ...".
1 comentário:
Ouvi esta história pela primeira vez no primeiro ano do meu curso, naturalmente numa cadeira de jornalismo radiofónico. Desde então fiquei fascinada por autores como Orson Wells, George Orwell ou Aldous Huxley. A "Guerra dos Mundos" marcou um tempo, o tempo em que as pessoas realmente acreditavam nos órgãos de comunicação social e na informação que veiculavam. Esse programa mostrou o poder da rádio em toda a sua força.
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